quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Docemente



Docemente, a noite chega
E acalma meu coração…
Dispo-me das vestes do dia
Tiro a máscara que trazia
E adormeço…

Pelas brumas do sonho
Entre silêncios agonizantes
De uma intranquila consciência
Procuro os nadas indizíveis
Oiço murmúrios inaudíveis
Sinto-me perdida…

Cito de cor o que não me dizes
Fico ébria de desilusão
Entre lágrimas esquecida
Afogo-me num rio de mágoa
E acordo sobressaltada…

Não me quero iludir
Muito menos ficar conformada
Mas de ti já não espero nada!
E rejeito com convicção
Sentimentos de fachada
Amor de conveniência
Ou qualquer outra ingratidão.

2006

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Manhãs claras



Na nudez dos sonhos
despidos de esperança
procuro a verdade insofismável
da tua ausência.
E quase esqueço
a pérfida clareza dos dias
em que,
tendo-te a meu lado,
vagueei solitária
pelas manhãs claras
e me perdi
no escuro dos caminhos!


Setembro de 2006

domingo, 26 de agosto de 2012

Mar adentro



Rompem-se-me as palavras
Mar adentro
Como se fossem navios…
Soltam-se-me os afectos
Mar adentro
Como gaivotas que se libertam…
Ficam-se-me as mágoas
Terra adentro
Como um vulcão incandescente…
Rebentam-se-me profundos desejos
Terra adentro
Como se eu fosse maré viva
Num rio transbordante
De margens infinitas…

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Silente melodia



Cruzei-me um dia contigo,
Por mero acaso do destino…
De desconhecido a amigo
Foi um instante marcante!
Opostos na maneira de ser
A diferença não foi importante
Unidos na ânsia de viver
Tão próximos na essência do sentir!
Entre a minha vontade de aprender,
De novos mundos descobrir,
E o teu desejo de me ensinar
Arriscámos, sem mentir,
Nem promessas para quebrar,
Uma nova história construir…

Fui crescendo, fiz-me outra
Mais segura, a ti o devo
Foste mestre, eu fui aluna
(te agradeço, podes crer)
Aprendi o que sou hoje
(outra coisa não quero ser)
Mas do futuro tenho receio
Porque não posso mais esconder
Que aguardo impaciente
Que teus lábios pronunciem
Aquela silente melodia
Que aquece o coração
E sempre julguei utopia:
Amo-te com paixão!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Grito



Estou cansada.
Farta!
De tanta hipocrisia.
Apetece-me...
griiiiitaaaar!!!

Sinto os sonhos
em derrocada,
as ideias turvas
presas no labirinto
da vida...

Busco a certeza
do que não sou,
procuro encontrar-me
onde não estou.

Perdi-me!
Mas, afinal,
entre o grito
que não dei
e as palavras
que sufoquei...
sinto-me renovada.

Espero que ainda vá a tempo!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Abismo



À sua beira me cheguei,
trémula e insegura,
vacilei...
De olhos fechados,
devagar e a medo,
avancei...
Por um fugaz instante,
atraída pelo abismo,
julguei a morte desejar...
Mas a tempo recuei,
senti-me outra, renasci
e de alívio até chorei...


22-02-2007

domingo, 12 de agosto de 2012

Silêncio



Escuto...
as palavras que não me dizes.
Oiço-as com atenção!
E, pacientemente, espero...
que cheguem dias felizes
de partilha e emoção.
Desejo...
que não me venhas oferecer
o que, espontaneamente, te negas a dar:
uma palavra de amor
afagos e outros carinhos prometer.
Por isso, prefiro...
o teu silêncio, a imaginar
que dizes o que não sentes
apenas para me conquistar!

Síndroma do triplo i


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Espera



Olho o vazio
e espero…
Sinto a tua falta
e desespero!
A multidão corre
apressada,
indiferente…
E eu aqui…
tão só!
À minha volta
estende-se o nada…
Fachadas negras,
gente muda,
e tu que não chegas!
Começou a chover…
(Ou serão gotas
do meu sofrer?)
Abrigo-me…
na tua lembrança,
recordo o teu sorriso…
e renasce a esperança!

(17-01-2007)