quarta-feira, 6 de julho de 2016

Olhar o horizonte


Olho o horizonte e penso
Que fazer com estas mágoas?
queria tanto que as águas do Tejo
as lavassem, desabafo para mim mesma...
ou, simplesmente, as levasse para bem longe.
Mas, tal qual a muralha que se desmorona
assim me sinto eu
a desagregar
a esmorecer...
Respiro o ar do entardecer
deixo-me embalar pelo movimento das ondas
perco-me no azul do céu...
Regresso instantes (quiçá horas) passadas
e, ali mesmo, nas pedras da calçada
encontro-me
e sinto que, afinal, a tristeza sempre se fora embora. 

terça-feira, 5 de julho de 2016

Ilusão


Olho-te e não te vejo
sinto que estás perto
mas, afinal, estás tão longe...
Como se o teu reflexo no espelho
fosse uma mera ilusão
e eu aqui à tua espera...

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Ruínas


Foi berço de sonhos
abrigo de prazeres
é, agora, um caixão de pedra
que deixa uma história por contar

domingo, 3 de julho de 2016

Sonhos marinheiros


Que este horizonte
entre nuvens tresmalhado
por onde a luz se avizinha
num entardecer sereno
me devolva os sonhos
que se foram navegando
nesse mar que se avista

sábado, 2 de julho de 2016

desilusão e esperança


E eis que por entre a secura da paisagem renasce o verde da esperança... tal qual a força que nos impele a vencer os obstáculos da vida mesmo que tropecemos de desilusão em desilusão.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pescador solitário



Acorda cedo,
com o lento despertar da madrugada.
Lava do rosto o pesadelo da noite fria.
Sente-se um farrapo de si mesmo,
pálida imagem reflectida
no manchado espelho da memória.
Recorda vagas lembranças,
de um passado volátil
que a desilusão alimenta.
Estranho ser, vagabundo da esperança,
escondido nas sombras do presente,
e que, entre suspiros, para o infinito avança...

Veste as mágoas quotidianas,
calça a tristeza nos pés cansados.
Bebe o café da ausência,
trinca o pão da miséria.
Olha o leito vazio,
os desejos entre os lençóis sufocados.
Procura os sonhos enrodilhados,
Sobre o tapete caídos...

Afaga o fiel companheiro,
de seu nome, simplesmente, Rafeiro.
Pega na tralha do costume
e fecha a porta da barraca
a que gosta de chamar casa.

Sobre a areia da praia caminha
em direcção ao barco da saudade.
Deixa no solo um trilho etéreo,
de nostalgia e liberdade.
As emoções desfeitas ao vento,
perdidas nas ondas do esquecimento.
Solitário enfrenta o mar,
onde lança as redes com fervor,
e das águas salgadas recolhe…
… um cardume de novos sonhos.

2005

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Recomeçar



Fui até ao fim… do nada
Numa viagem de ida e volta
Demorei tempo demais
E quando regressei
Tu já aqui não estavas.
Peguei no livro da vida
Duas páginas arranquei
Nova redacção escrevi
Um sonho desenhei…